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Krisis

Krisis significa originalmente decisão. É um termo grego importado da medicina significando o momento decisivo ou de viragem que possibilitava o diagnóstico.


Nos tempos atuais, curiosamente, a noção de crise está carregada de incerteza e traduz uma ideia relativamente simples de que “as coisas não estão ou não vão bem”. Percebe-se que as crises trazem consigo uma certa indeterminação e neste sentido diminuem a possibilidade de previsão.


Asim, enquanto na origem o termo crise estava associado a uma decisão (ou a um momento decisivo na evolução de qualquer processo incerto), atualmente significa indecisão e incerteza e isso produz uma imensa ansiedade que acrescenta à natural ansiedade animal ligada à vigilância e que desperta ao mínimo sinal de perigo.


Talvez por isso os momentos ‘crísicos’ tendam a gerar oportunidades para todo o tipo de profetas da desgraça e de teorias da conspiração (por mais absurdas que sejam), simplesmente porque pretendem ser alguma forma de explicação dos momentos de incerteza mesmo sem trazer nem apontar nenhuma solução.


A crise, qualquer crise, em sentido restrito, define-se por e em relação a períodos de alguma estabilidade relativa, caso contrário a própria noção dissolver-se-ia na noção de evolução. É a própria evolução que comporta uma dimensão crísica.


As crises, no fundo, revelam algo oculto, silencioso ou latente, seja nas sociedades, nos indivíduos ou na natureza, algo que de repente irrompe de forma disruptiva.


É neste mesmo momento que põe em evidência as nossas capacidades de resolução, inovação, transformação e, finalmente, de sobrevivência.


Lembremo-nos que em condições incomparavelmente muito mais adversas terá havido um momento há muitos milhares de anos em que a nossa espécie terá estado reduzida a um número no limiar da extinção e mesmo assim conseguimos ultrapassar essa crise.


Portanto, não precisamos nem de astrólogos nem de profetas da desgraça nem de teorias da conspiração que só servem para aumentar o alarme social e o pânico em vez de ajudar a manter a serenidade coletiva e o foco de todos na disciplina necessária para ultrapassarmos a situação que vivemos.


Sejamos claros e estejamos conscientes do seguinte: se é verdade que o perigo existe, também é verdade que nunca como hoje estivemos tão bem preparados com tanto conhecimento científico e meios tecnológicos para o enfrentar.


E como todas as crises, também esta terá uma resolução.

 
 
 

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